sábado, 29 de novembro de 2014

Definições: do puritanismo (ou moralismo)

Puritanismo: o medo aterrador de que alguém, em algum lugar, possa ser feliz.
H. L. Mencken



sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Kátia Abreu: aquela esperança de que fosse hoax


A esperança de que seja hoax é sempre a última a expirar – tive um amigo que fazia figas e esperava, paciente, que se desmentisse a morte de Chico Science, em 1997. Confesso que também quis, muito, acreditar que poderia ser lorota. Mas há um limite entre a ingenuidade e a teimosia infantil. Marromenão como agora, né?





terça-feira, 18 de novembro de 2014

1969: vocês estão fazendo isso errado

Passando os olhos sobre as notícias do dia. Na prisão, Charles Manson é assunto. Patrioteiros exigindo Urutu na rua, Cid Moreira, o suspiro cor-de-rosa nas banquinhas, Vera Fischer Miss Brasil e a deportação de quem pensa diferente (ou simplesmente pensa). 

Sabem aquela sensação de Feitiço do tempo? Só que em vez de Dia da Marmota, estamos presos no Ano da Marmota! 1969 feelings! E não acho nada justo, pois foi o ano em que comecei minha carreira de vivente sobre este planeta. E não sou chegada a saudosismos... Além disso, em vez de Apollo 11 ou Woodstock, estão forçando a barra pra desenterrar lixo quarentão. Tudo de novo?! Pelamorde!


O Ano da Marmota em imagens
Aaaah, aquela seriedade e a preocupação que os militares tinham para com o futuro do nosso país! Né? Transamazônica em 1969 e Transamazônica hoje. Quem não reconhece este legado glorioso tem mais é que levar pau e ser mandado pra Cuba! Oras...



sábado, 15 de novembro de 2014

Space Oddity – o som do cometa



Sinais registrados pelo módulo pousador Philae, da sonda espacial Rosetta, no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Uma das hipóteses para o fenômeno é a de oscilações no campo magnético do cometa.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Corrupção passiva, ativa e sado-masoquista

Operações da Polícia Federal, grandiloquência da imprensa, utilização dos fatos para revanchismo político de quinta, ares de surpresa frente tamanha lama, “nunca antes vista no país” e blablablá. 

E aí, várias coisas: crer que esquemas de corrupção facilitando elos entre público e privado não existiam no país antes que o PT governasse é de uma má fé sem noção; ou talvez, seja analfabetismo funcional, daquele que não permite ler textos nem contextos mais complexos, fazer reflexões ou acessar referenciais na memória (pois inexistem). 

Além disso, como assim, surpresa? Faz algum tempo já que “globalização” significa modernidade tecnológica e possibilidades múltiplas aos “mais bem preparados e capazes” apenas em curso de emebiêi de facul de última. Ou workshops e palestras motivacionais com ex-presidentes, ex-diretores de banco, atletas que não se elegeram por algum partido da “democracia cristã” e afins. Porque na real, o sistema que aí está já criou tentáculos há pelo menos 2 séculos, se adapta, se aproveita do que cada cultura política regional pode ter de pior e se instala nas instituições públicas. Em todo o mundo.

As relações entre donos dos meios de produção e poder político são mediadas por uma hierarquia de lobistas, marqueteiros, advogados, entre outros vários profissionais que poderiam ser chamados genericamente de atravessadores. E há quem jure que isso é sinal de desenvolvimento, de primeiro-mundismo, de sofisticação empresarial. 

Vez por outra, há agitações nessa rota de atravessadores, algumas cabeças rolam, reaças encontram a justificativa para pedir o fim da democracia e aproveitadores de toda a espécie encontram espaços vagos para instalar suas ventosas. Tudo vai se acomodando após pequenos sismos, a novidade se torna rotina, a imprensa (em grande parte ligada a estes mesmíssimos grupos) aproveita a chance para um proselitismo em favor de seus mecenas, os marqueteiros “focam” e tentam reverter a tendência via consumo. 

A bolsa se equilibra, comentaristas desfiam termos financeiros ridículos e a cidadania se resume a encontrar as melhores ofertas ou a ostentar a ilusão da exclusividade. A medida da inteligência é o lucro conseguido. O ensino corrobora a prática, vendendo a progenitores uma formação de elite vencedora a seus rebentos. 

E minha pergunta continua a mesma: cadê a surpresa? Como esperar algo diferente de um sistema cuja natureza é a corrupção? E não é um problema da democracia; é um problema de democracias parciais, incompletas. Não é demais – escasseia em várias situações. Mas aí, insiste-se que organismos como conselhos participativos, por exemplo, são um passo para a fidelcastrização do mundo. Ou ainda, que são inviáveis, ideias de quem não têm “disciplina partidária”. 

Novidade? 

Amo um filme, que explica melhor os rumos do mundo que a maioria dos “abalizados” por aí, entrincheirados que estão nos seus próprios Lattes, farejando boas pontuações. O filme genial chama-se Rede de intrigas (Network, 1976), dirigido por Sidney Lumet, com roteiro de Paddy Chayefsky. Entre as muitas cenas fantásticas, esta:


Tá?!


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Não é o que parece...


Olhando daqui, sei lá... Tão desenterrando o Billy Batts, é isso?

(The Goodfellas, 1990)



Quais são os seus referenciais financeiros?


Quando o assunto é emebiêi, operações trollagens financeiras, movimento da bolsa de valores especulação descarada ou estudos de mercado focando o target tolices marqueteiras vendidas como conhecimento, cada um acaba acessando suas próprias referências para lidar com o que se apresenta, né? Euzinha, humanidades & literatura “fora do circuito”, a cada vez que espio chamadas como essas aí de cima, só consigo pensar em Pet Shop Boys...

(Single Bilingual,1996)

Mas eu sei, tudo-inveja do povo bem sucedido e todo trabalhado na City. Falando nisso, o Pepinão agora é do Grupo Safra, né? Já dá pra chamar o Galvão Bueno?

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Ônibus em Florianópolis: mudou o que mesmo?

Depois de ter dado capa para matéria que afirmava que tudo estava joinha-legal-bacana-mesmo-primeiro-mundo-parabéns-ao-prefeito, o Diário Catarinense acabou tendo que mostrar que a coisa está um fiasco; pois os leitores encheram suas páginas de comentários sobre o que realmente está se passando nas ruas das cidade. Entre paradas e linhas suprimidas, atrasos nas rotas regulares e valores sem noção, a prefeitura afirma que isso são “melhorias” no sistema de transporte urbano. E manda a Secretaria Municipal de Comunicação também encher os espaços para comentários de leitores com justificativas cínicas. 



Claro. E após tamanha defesa, ficamos a imaginar que o prefeito César Souza Jr e seu staff se desloquem de busão a todo o momento, certo? Principalmente agora, que estão em Londres...


Leva o caneco da cara de pau e da arrogância enfeitadinhas de emebiêi administrativo o fato de que um consórcio mega-plus-golden-master passaria a administrar a quizumba, no lugar das empresas de ônibus, e que tudo seria só alegria. Quem compõe o consórcio? Ora, as mesmíssimas empresas de ônibus da cidade. Só que agora, elas atendem pelo nome de consórcio... Usuários não gostaram? Bem, administradores e empresários estão dormindo na pia, chorando godê de tanta preocupação com a população.

Mas assim, só lembrando: junho de 2013. É bom esclarecer que o movimento começou e tomou força na discussão e nas manifestações contra monopólios das empresas de ônibus, contra a concepção que as administrações municipais têm sobre transporte público e mobilidade urbana. Movimento Passe Livre. População acima de interesses empresariais. Nada a ver com a centena de alienados (educação moral e cívica rootsque se pintaram de ordem-e-progresso pra dizer que eram a elite do país e não estavam felizes com o imposto sobre o iPhone e nem com “classe C” no aeroporto...


Túnel Antonieta de Barros (Via Expressa Sul) 
 Florianópolis, 25 de junho de 2013.



segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Estão faltando ordem e respeito!



Oras...


Defender a derrubada da presidente da República chama-se defesa de golpe de Estado.

Sugerir a agressão à pessoa da presidente da República chama-se incitação ao crime.

Tecer loas a um regime que torturou, matou, corrompeu a já então frágil prática democrática no país, beneficiou bancos, latifundiários e a especulação de toda a sorte, isso se chama apologia ao crime, organizado e institucionalizado.

Cair de paraquedas sobre movimentos sociais e querer definir como devem se manifestar é oportunismo.

Passar o tempo disseminando mensagens religiosas e lições de moral ao mesmo tempo em que enaltece a violência e o “cale a boca, não discuta comigo e se curve à minha evidência” é hipocrisia.

Dar pitaco sobre história, sociologia, política, filosofia, antropologia – e qualquer reflexão que consiga levantar voo acima do senso comum – sem qualquer informação que não seja resumo de segunda mão, nota requentada de imprensa ou reprodução do “ouvi dizer, então é”, isso faz parte do combo mediocridade/arrogância.

Afinal, história, sociologia, filosofia, antropologia & cia não são um conjunto de anedotas, das quais se seleciona as de preferência. Por incrível que pareça, integram um campo de conhecimento, possuem metodologia, corpus teórico, práticas de pesquisa, reflexões e etc e tal. Assim como entendo serem terríveis as incursões de um pensamento equivocado e sem referências no campo das chamadas ciências exatas, biológicas, formais, puras, aplicadas e nem-sei-bem-até-onde-vai-a-classificação, também considero um desastre quando as parcas e porcas ideias são impostas como desejáveis reflexões e intervenções no mundo.

E ultimatos disfarçados de debates nada mais são que manifestações de covardia, recurso de quem gosta “de ganhar”, seja pelo grito, pela provocação mesquinha ou pela força. De quem não admite não ter razão nem conhecimento sobre tudo.