sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Veremos, machistas & misóginos, veremos...

Quando você acompanha sites, blogs e figuras feministas, já sabe que notícias sobre assédio, agressão, violência em geral e impunidade são constantes. Vez ou outra, a coisa é tão aberrante que escapa para a grande mídia e o tema povoa geral o debate – como juiz e demais togados-cueca que não veem problema em macho ejacular em quem e onde quiser.  É bom que se discuta. Necessário.

Vai daí que, no calor da discussão, mais e mais casos de violência contra a mulher vêm à tona. Com a indignação que um fato bizarro causa, outras mulheres sentem que podem compartilhar suas histórias, receber solidariedade. Mas aí, NÃO!!! Virtuália já desvia a indignação, indo contra essas mesmas mulheres! Chovem perguntinhas cínicas, olhares desconfiados, silêncios... E, claro, explicações: querem aparecer, aproveitar a comoção midiática, conseguir benefícios e demais nojeiras machistas.


Muito bom que o assunto tome conta das discussões. Porém, é preciso conhecer as regras do jogo. Tá? A primeira e fundamental: fatos como esse do momento são frequentes. Constantes. Se sobrepõem, se multiplicam, escala geométrica. Todo dia, em tudo o que é lugar. Não existe um fato que mereça mais atenção que outro. A coisa é estrutural. E também é naturalizada, banalizada. 

Ninguém está dizendo que todas as mulheres do mundo são seres super sensacionais nota 10 o tempo todo; nenhum ser humano é. O que não se admite é que agressão seja minimizada, que relatos sejam colocados em dúvida. Que vítimas sejam alvo de desconfiança. Mulher não se sente valorizada com assédio, tá? Não entende agressão como ciúme de quem ama muito. Não vê a exposição que traz uma denúncia de violência como maneira fácil de ganhar fama. 

No fundo, essa deslegitimação só manda aquele velho recado putrefato, pançudo e suado: fique no seu lugar, aceite, não encha o saco, não fique histérica insuportável, o mundo é assim, impossível mudar a ordem natural das coisas. 

Veremos.