quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Instantes de grande solidão em público


Aquele momento em que você, discente, assiste à palestra do prof. visitante tão vetusto quanto você. Em determinado momento, ele explica que “algo foi crescendo”. E emenda: foi crescendo, crescendo, me absorvendo

Aí que você solta aquela gargalhada. Que ressoa, solitária, sobre uma plateia de millenials e vai se despedaçar no chão, junto com a sua dignidade. Mas, né? As coisas que se imprimem no cérebro quando se tem 8 anos de idade lá ficarão, até o fim dos seus dias... Oras.




Um verdadeiro candidato de bosta

Auto-referencial

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Independendo

Ligando a TV logo cedo (bem feito pra mim).  Fazia tempo, nem sabia que o noticiário matinal agora é coreografado. A apresentadora da NSC parece estar numa rave, após ter engolido alguma bagaça sintética. À cada palavra corresponde um gesto, incluindo artigos e preposições. Falando sobre um acidente de trânsito, ela se revolta, pois o “cidadão do bem” corre riscos.

Num tal Café com Jornal, apresentadores noticiam a morte de Burt Reynolds. Histórico de filmes, biografia rápida, imagens do ator. Apresentador diz que gosta do Burt. “Qué dizê, gostava, né?”. E revela: “Adoro os filmes que ele não fez”. Oi!? Também lembram do incêndio no Museu Nacional, âncora local e repórter em NY. O âncora emenda, ainda com as imagens das chamas na tela: “Mas você que taí em NY vai ver o jogo da seleção brasileira hoje?”.

Apresentadora das previsões meteorológicas informa que haverá um “sol decorativo” no feriado.
Pastor apresenta A família quadrangular, Alexandre Garcia lembra que Bolsonaro foi esfaqueado um dia antes do dia da pátria. Usurpador Temer afirma que vivemos em uma democracia na qual prevalece o estado de direito. Preguiça de gargalhar. Luís Carlos Prates, tiozão do pavê na mídia local, lembra que temos mais de 8 milhões de metros quadrados, sem tragédias e com um povo bosta. Ao final do discurso, ele bate continência... Parece que estou ouvindo um professor da facul que me aulas nos últimos anos. Ele tem certeza da sua sofisticação intelectual  – não acreditar que o homem pisou na Lua ou que o nazismo fosse algo totalmente ruim são apenas detalhes de seu pensamento, digamos, complexo.

E se na Globo o Agro é pop, na Band, Somos todos agro.

Compre um carro, abra conta no Banco do Brasil, use desodorante que clareia as axilas e aproveite o feriado para fazer compras no Paraguai.

Ana Maria Braga cita Nietzsche.

Parabéns, você voltou 40 anos no tempo, não tem o direito de jogar de novo nem de rasgar o livro de educação-moral-e-cívica. Faça um cata-vento verde-amarelo, enfie no seu patriotismo mais raivoso e relembre, nostálgico, do Tarcisão libertando o Brasil das cortes portuguesas.