domingo, 22 de abril de 2018

Pimenta na democracia dos outros...

 A prefeitura de Florianópolis vai pagar a iniciativa privada para que esta forneça serviços públicos. São as tais Organizações Sociais (OS), entidades privadas que recebem do governo para atuar em áreas de “interesse público”. Assim como saúde e educação. E as tais OS se definem como “sem fins lucrativos”.

Então, viventes desta pujança chamada Brasil, não é porque há proprietários de escolas privadas, planos de saúde e demais grupos econômicos lobistas envolvidos que a coisa tem fim lucrativo. Tá? Afinal, a gente sabe que se tem uma coisa que acordos governamentais garantem por aqui é serviço público de qualidade acima de tudo, né? Ééééééééé!

Vai daí que em Florianópolis, o prefeito Gean Loureiro, do MDB (que século é hoje, moçada?), se contorceu e articulou para entregar creches e postos de saúde municipais às tais OS. Antes mesmo de a bagaça se concretizar, a prefeitura já estampava a propaganda milionária na TV (mais de R$ 9 milhões). Funcionários da prefeitura (alguns com salário atrasado e sem as devidas reposições) em greve, e com toda a razão. Votação em regime de “urgência urgentíssima” (sério, essa expressão existe, é oficial), num sábado à tarde.

Na sessão, bancada governista ofendendo servidores municipais e sindicatos. Estes, por sua vez, impedidos de entrar para acompanhar as discussões que decidirão suas vidas. Sim, pois as tais OS são um eufemismo para terceirização, fim de planos de carreira, contratos temporários de pessoal e por aí vai.


Na malfadada sessão, vereadores alinhados ao prefeito tentaram impedir de votar os contrários ao projeto. Vereador ligado ao MBL falou em fake news propagadas pelos opositores. Fardados entraram em ação. Spray de pimenta na cara de manifestantes e da imprensa. A Própria NSC (ex-RBS) assinou carta de repudio dos jornalistas contra a violência policial – trancaram imprensa e manifestantes em uma sala e aspergira pimenta na geral... “Bando de vagabundos comunistas”, brada a panelagem, até agora.

Uma viatura da polícia foi queimada “por manifestantes” – quais, ninguém sabe, ninguém viu. E o projeto foi aprovado. Ou seja, dinheiro público para empresas privadas. A definição é simples, clara. Quem bota um “mas” aí, o faz por má-fé.

O serviço público é falho? Sim. Então, lutemos para que melhore. Exijamos. E que sejam desmontados, com dados e informações reais, os argumentos favoráveis às privatizações que só alimentam abutres políticos e o delírio do cidadão-de-bem-que marcha-com-deus-pela-pátria.

Em tempo:

1. Abaixo-assinado contra a terceirização do serviço público em Florianópolis. Assina aqui, moçada!
👉 http://www.encampa.com.br/floripacontraos/

2. Aqui, o prefeito explica porque a política pública de saúde na capital não saía do papel: aparentemente, estamos aguardando para poder implantar o modelo inglês... Já dá pra servir o chá das 5 depois dessa votação?

3. Aplausos aos envolvidos no processo, que botaram este sujeito na prefeitura em 2016. Os que estão enchendo os bolsos, desde então, eu até entendo, pois mau-caratismo tem preço. Os que o elegeram “por convicção”, sinceramente, não sei em que dimensão alternativa cataram os próprios cérebros. É alarmante!

    

4. E depois do prefeito Loureiro, leva o caneco do maior cinismo da semana o comando da PM de Florianópolis. Sobre o ocorrido na câmara, explicaram: