sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Medíocres do além & seus celulares ativos

Escuto muito, neste momento, que é bobagem discutir com reacionários, que não vale a pena etc e tal. Concordo. Mas há momentos nos quais você tenta fugir, não consegue e é obrigada a explicar o óbvio, a lembrar do mundo concreto em volta e buscar um fiapo de inteligência para dialogar. E não naquela perspectiva super condescendente, do tipo “deixa que eu te explico, afinal sou doutora / homem / mais inteligente / mais qualificado /especialista / besta pra carai”.

Falo de situações que você recusa porque não crê que a Terra seja plana, que “ideologia de gênero” e kitiguêi existam. Falo de não aceitar explicações irreais e surreais sobre a “lei ruaney” (sic, ou melhor, sick), sobre as universidades federais como antro de doutrinação (qual?), sobre torturador de mulheres grávidas ser considerado herói nacional, sobre o aquecimento global ser opinião de esquerdista ou sobre o método-paulo-freire (que também não existe) estar incrustado na escola pública.

São tacanhices atiradas na sua cara enquanto se exige respeito a elas. E não em guetos específicos que se evitam, mas no todo-dia, no trabalho, no busão, vindas do chefe, de colegas, da família. E agora, na rua, de pessoas-de-bem aleatórias, trabalhadas no combo celular filmando + mediocridade. Medo.


 
😱

Bonus-track: esta pessoa-de-bem aí embaixo é exemplar. A dissociação total entre o que se passa no mundo concreto que ela registra e o que ela consegue enxergar é impressionante. Vê-se a criatura reagir à deformação criada por seu cérebro carente de sinapses (ainda tô na dúvida se não é humorista...)


💀

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Republicando

Proclamação da República. Até anos atrás, andava quase esquecida, comemoração protocolar. O refrão Liberdade, abre as asas sobre nós de seu hino só é lembrado por ter sido usado no samba enredo da Imperatriz Leopoldinense em 1989 (ou para quem tinha aula de canto orfeônico no Instituto de Educação, caso dessa que vos escreve). 

Mas como retroceder pouco é bobagem, uma legião de zumbis, saída das aulas de educação-moral-e-cívica, tomou conta do “debate republicano” em duas frentes.

De um lado, a patriotada verde-amarela, na esteira da eleição do Bolsonaro. Um povo que já se empertiga só para pronunciar “juiz-Moro”, “a família é a célula-mater da sociedade” ou “gostaria de parabenizar” (patrioteiro bolsomico gosta de parabenizar). Para estes, a república verdadeira começará no dia da posse de seu presidente e é descrita de forma difusa, como paisagem bíblica liberta do comunismo, das feministas, dos viados e de qualquer política pública. Um território de merecimento, apoio divino e enriquecimento individual como resultado dos esforços próprios. O que poderia dar errado, não é mesmo? 

E de outro, moçada trabalhada numa monarquia meio Sissi, a imperatriz, imaginando para si títulos nobiliárquicos, condados de novela e o combo libré/escravaria a servi-los. Tem gente já encomendando a espineta (em 10 vezes no cartão) e considerando aulas de francês. 

Em comum nos dois grupos, cochilos na aula de história, só pode. Ou ainda, professor de história reaça, “dizendo verdades” porque não tem “medo de ninguém” – existem às pencas, creiam-me, e não são considerados doutrinadores. Ora que irônico... 

Seja como for, pra mim, nossa república é uma estátua equestre, cagada de pombo.

 Imagem relacionada

sábado, 10 de novembro de 2018

Imprensa catarinense: "neutra, despolitizada" (e reaça com gosto)

 




Verão chegando, férias... Pense onde você vai gastar o seu dinheiro, em que comércios, hoteis, restaurantes. O Nordeste tem locais lindos!
 

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Ame-o ou deixe-o (o último que sair apaga a luz do aeroporto)

Nos anos 90, fazendo história na UFPR, analisamos slogans do período da ditadura em uma das disciplinas. A profe nos contava que respondiam ao Brasil: Ame-o ou Deixe-o com O último que sair apaga a luz do aeroporto. Para nós, estudantes, aquilo soava distante, 20 anos atrás. Na mesma época, durante o governo Collor, circularam uns adesivos Brasil: ame-o, e a moçada ria da falta de alternativas que os slogans colloridos apresentavam.

Parecia tudo tão distante. 

Pois século XXI chegou e... estamos de volta a 1973! Ao menos para os gênios de marketing do SBT que, visando verbas federais, correram a desenterrar da lama algo que agradasse Biroliro e sua malta. Lascaram logo um Ame-o ou deixe-o, sem a menor vergonha na cara trabalhada em produtos Jequity.



Quando eu digo que vai rolar abaixo-assinado pela volta de Amaral Netto, o Repórter, moçada ri da minha cara. Taí. Não assisto à TV com frequência, e agora, menos ainda. Tenho medo que o Sujismundo esteja de volta...  
🙉

...que me obriguem a cantar isso (como obrigaram as crianças, 40 anos atrás) ...🙊



... a fazer rodar esse maldito catavento, cantando já-podeis-da-pátria-oh-filhos...


... ou ainda, dar de cara com o general Geisel em pronunciamento oficiallllll. Socorro.




Sério, se é pra voltar aos anos 70, que seja assim