quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Republicando

Proclamação da República. Até anos atrás, andava quase esquecida, comemoração protocolar. O refrão Liberdade, abre as asas sobre nós de seu hino só é lembrado por ter sido usado no samba enredo da Imperatriz Leopoldinense em 1989 (ou para quem tinha aula de canto orfeônico no Instituto de Educação, caso dessa que vos escreve). 

Mas como retroceder pouco é bobagem, uma legião de zumbis, saída das aulas de educação-moral-e-cívica, tomou conta do “debate republicano” em duas frentes.

De um lado, a patriotada verde-amarela, na esteira da eleição do Bolsonaro. Um povo que já se empertiga só para pronunciar “juiz-Moro”, “a família é a célula-mater da sociedade” ou “gostaria de parabenizar” (patrioteiro bolsomico gosta de parabenizar). Para estes, a república verdadeira começará no dia da posse de seu presidente e é descrita de forma difusa, como paisagem bíblica liberta do comunismo, das feministas, dos viados e de qualquer política pública. Um território de merecimento, apoio divino e enriquecimento individual como resultado dos esforços próprios. O que poderia dar errado, não é mesmo? 

E de outro, moçada trabalhada numa monarquia meio Sissi, a imperatriz, imaginando para si títulos nobiliárquicos, condados de novela e o combo libré/escravaria a servi-los. Tem gente já encomendando a espineta (em 10 vezes no cartão) e considerando aulas de francês. 

Em comum nos dois grupos, cochilos na aula de história, só pode. Ou ainda, professor de história reaça, “dizendo verdades” porque não tem “medo de ninguém” – existem às pencas, creiam-me, e não são considerados doutrinadores. Ora que irônico... 

Seja como for, pra mim, nossa república é uma estátua equestre, cagada de pombo.

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