segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

“É nóis na sombra!” – imprensa provinciana vai ao paraíso

As férias chegam, e os textos da Folha de SP passam a falar de Camboriú ou de Jurerê Internacional, como há anos. Ontem, Balneário Camboriú foi escolhido, por conta dos prédios megalomaníacos que impedem raios solares sobre a praia – sim, é bizarro, mas a falta de classe política e empresarial “comemora” o fato e ensina à plebe rude e sebosa a aplaudi-lo.


Claro que hoje, o grupo RBS (Diário Catarinense) lá estava, destacando a menção, numa licença poética, digamos assim, uma tradução bem peculiar.

Nesta “explicação” do DC sobre a matéria da FSP, levam o caneco os trechos seguintes... 

... porque honestidade jornalística é tudo, né, moçada? 
#releituras
O resto é recalque e tudinveja de quem vem de fora, tá?!



quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Especial de Natal


Seje menas, moçada

Virtuália engajada se rasgando e se rolando no chão porque xingaram o Chico. Buarque. 
Vídeo postado, a prova da “extrema fúria”, da “furiosa intransigência” da “direita troglodita” (sic), “cena de repressão nazista”, com “truculência dos agressores”(sic) passa a ser requentada, acocada, compartilhada, curtida e chorada (aqui).
Porém... preguiiiiiiiiiiii, né? 
Porque, assim: eu cá sou criatura que gosta do músico em questão; pego entojo da reaçada desde sempre; falta de educação me dá engasgo e arrogância me dá gastura. Mas isso posto, a indolência diante dessa comoção permanece. É que fica aquela impressão de que se rasgam porque alguém jogou pedra no santo, profanou solo sagrado, conjurou contra o anjo...
Atmosfera pra lá de igrejeira. Quiçá carola.
Que a reaçada é rude, ninguém duvida. Não gostamos deles? Não. Mas aqui entre nós, tem povo disquerda que também porta grossura com mérito, empunhando a revolução-que-é-pra-agora, certo?
De mais a mais, o homem respondeu. Bacana. Joia.
Não há que se soprar a vuvuzela da indignação até perder o fôlego e ensurdecer arredores. Guardemos a dita para outras situações. Próximas. Cotidianas. Diretas. Arriscadas. Não se trata de indiferença, de deixar fazer. Apenas de bom senso nas reações.





terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Oi?!



  
Não bastasse o título, o que é essa foto que só prejudica a pessoa, moçada!?

 
Segundo o site do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Pará |IEPA|, é um sítio construído por populações indígenas há cerca de mil anos, formado por grandes blocos de granito, alguns com alinhamentos astronômicos. Ah, mas tanto faz, né? Astronômico, astrológico, é tudo constelação, oras!

 Pôxa, legal aê, Nicolas Cage.





É nóis. 
De novo. 
#EssenciaisDe2015. 
Morra de inveja, resto do país mundo.



Segunda notícia essencial do ano. Depois da Frozen catarinense, claro.
Cassandra Reloaded prevê debates pedagógicos sem fim nem noção.
 E inflação de matrículas em montessorianas da vida...



Tamanho é o cuidado, que deve ser para mães e pais
com filhos integrantes do Estado Islâmico, né?


Primeiro, vem a negação... 


 
HAHAHAHAHAHAAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!





segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Leitor revoltadão: teoria da conspiração pouca é bobagem


Daí que simples matéria sobre o Aedes aegypti é publicada online. Joia, mais informação divulgada, melhor. Mas não para o leitor-revoltadão. Este, além de chutar o que estiver pela frente (incluindo o senso de ridículo), também tem a necessidade de mostrar que entende das coisas, que decifra contextos, que vê o que ninguém viu... 

|indicação do Manézix| 
 

Praticamente uns Fox Mulders da nacionalidade virtual... Né?




terça-feira, 17 de novembro de 2015

Mídia, tragédias, comoções seletivas





Nos últimos dias, diversas tragédias assolaram o mundo. Aqueles que, como nós, não vivenciaram os acontecimentos diretamente, tomaram conhecimento deles a partir do recorte e da construção midiática dos fatos: dos atentados em Paris, passando pelo crime ambiental em Minas Gerais e a chacina em Fortaleza.

A história se repete: um desastre em algum lugar do mundo gera manifestações de solidariedade, hashtags e avatares nas redes sociais. De imediato, um grupo reage lembrando outros casos de atentados, mortos e desabrigados em lugares em guerra, famílias vivendo em situações insalubres. 

Casos, às vezes, acontecidos em dias muito próximos. “Indignação seletiva!” – acusam de um lado. “Minha indignação não é seletiva!” – respondem de outro. “Somos todos (e todas) Paris, Síria, Mariana, Fortaleza”. Não, não somos. Somos diversos, com diversas experiências e bagagens afetivas e culturais, que influenciam na forma como reagimos a cada tragédia. Parte significativa dessa bagagem, do conhecimento que temos dos lugares, povos e tragédias vem de um lugar comum: os grandes meios de comunicação.

Não se trata, aqui, de pesar qual fato é mais doloroso ou digno de cobertura ou solidariedade. Todas as vidas ceifadas, assim como toda destruição e violência deve nos indignar e atravessar profundamente, inclusive aquelas que ganham, quando muito, um mínimo espaço nas páginas policiais. Mas para compreender como a seleção dos acontecimentos, a abordagem e a comoção gerada por eles são feitas, precisamos desnudar o modus operandi dos meios de comunicação. E perceber que não é difícil concluir que a violência já começa na invisibilidade imposta aos que não são considerados relevantes.

A decisão do que é e do que não é notícia, além de que notícia é mais importante que outra, é baseada em diversos critérios, sistematizados por diferentes autores, ensinados nas escolas de jornalismo e incorporados ao cotidiano das redações. Apenas para usar como exemplo o elenco mais conciso deles, dá-se mais relevância aos acontecimentos de acordo com: novidade, proximidade geográfica, proeminência e negativismo.

Ou seja, o que acontece hoje é uma notícia mais importante do que o que se passou anteontem; um jornal do Ceará colocará em destaque notícias da periferia de Fortaleza, não de Paris; porém, caso morra um camelô na feira da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, ou a apresentadora Angélica sofra um acidente, O Globo dará a manchete para ela; uma má notícia ganha mais destaque que um acontecimento positivo.

Esses critérios obviamente não são naturais. Foram pensados a partir do que toca mais o público, sim, mas também estão fortemente ligados a valores econômicos e culturais. A vida de um parisiense vale mais do que a de um sírio? Pessoalmente podemos achar que não – e defendemos que não. Para a imprensa brasileira tradicional, no entanto, a resposta é sim.

Ao nos apresentar o mundo que nem sempre conhecemos de perto – ou, mesmo quando o fazemos, estamos já atravessados por todas as informações e imagens que nos chegaram de forma midiatizada –, a mídia também colabora para que tenhamos mais familiaridade com certos povos e lugares. Cenários que já vimos tanto no cinema e na televisão.

Na geografia dos afetos, o Rio de Janeiro é muito mais próximo de Paris do que de Fortaleza. Além disso, o tipo de tragédia que assolou Fortaleza na última semana, com a chacina de doze pessoas – em especial jovens negros –, é a tragédia cotidiana nas periferias, morros e favelas. O critério da novidade aí também se esvazia.

E o que é uma tragédia passa a ser banal, sem merecer qualquer destaque. Até mesmo o lugar social dos envolvidos é usado para justificar ou não suas mortes. Ter ou não passagem pela polícia tornou-se, assim, uma das primeiras perguntas feitas e reportadas na apuração dos assassinatos. Afinal, a tão propagada narrativa policialesca tem fixado na sociedade que “bandido bom é bandido morto”. Foi assim em Cabula, em Salvador, e tem sido assim agora, no Ceará.

Mas a própria lógica da noticiabilidade é subvertida quando segui-la prejudica interesses políticos e econômicos dos veículos de comunicação. O caso do rompimento da barragem do Rio Doce, obra da Samarco, controlada pela Vale, em Mariana/MG, é emblemático. Novidade, proximidade, proeminência, negatividade. São dezenas de mortos e desabrigados, cidadãs e cidadãos sem água potável e um prejuízo humano e ambiental cujas consequências afetarão por anos uma extensão territorial significativa de nosso país.

O crime, no entanto, que tem responsáveis muito claros, vem sendo reportado como desastre ambiental. Tampouco se discute a fundo a questão das privatizações e da responsabilidade do poder público no acompanhamento das ações das mineradoras.

A própria presidenta da República só foi à região, sobrevoando a área de helicóptero, uma semana depois do rompimento da barragem. O fato de nossa autoridade política não ter dado a devida importância ao acontecimento em Minas sem dúvida contribui para o não-destaque nas pautas dos telejornais e veículos impressos. Mas chamar a atenção de autoridades e cobrar a responsabilização dos envolvidos também é papel da imprensa, por meio da definição do que ganha e do que não ganha as manchetes.

O que versões pouco críticas da teoria do jornalismo que ensina tradicionais valores-notícia como fundamentais para que um fato ganhe repercussão pública ignoram é o impacto dessa padronização. Ela faz com que agora, em todos os portais noticiosos da grande imprensa, uma narrativa (na qual estão incluídas motivações e supostas soluções para os conflitos) muito semelhante seja distribuída para grande parte da população. Isso nos impede de perceber também a perversidade dessa construção, que escamoteia os interesses que rondam – e muitas vezes determinam – aquilo que lemos, vemos ou escutamos por meio na mídia.

Por isso, em vez de apontarmos o dedo uns aos outros, principalmente nas redes sociais, acusando-nos mutuamente de indignação seletiva, cabe entender como é construída tal seleção no nosso próprio imaginário. Qual o papel da mídia nesse processo, mesmo entre quem busca coberturas e veículos alternativos ao mainstream.

Quais as consequências da grande concentração num setor que deveria ser regido pela pluralidade e pela diversidade de ideias, como preza qualquer boa democracia. E a quem serve a fragmentação da nossa indignação, que tem como pano de fundo, por mais clichê que seja a afirmação, um sistema mundial de opressões que pune e invisibiliza “minorias” sociais do Ocidente ao Oriente, nas grandes cidades, periferias, morros e favelas; no campo e nas reservas indígenas e ambientais; na esquina da nossa casa.

Mônica Mourão e Helena Martins são jornalistas e integrantes do Intervozes. 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Constrangendo crianças nos anos 80


Crianças com talento garantindo a sobrevivência dos pais não é coisa de hoje – mesmo que os catastrofistas berrem que isso é coisa do nosso tempo, sem valores cristãos, todo trabalhado em feminazis-e-ditadura-gay (AHAHAHAHAH!). O que esse povo acha que Mozart fazia aos 4 anos eu não sei... Bom, no midiático século 20, de Shirley Temple a Michael Jackson, o fenômeno deitou raízes e produziu coisas fantásticas e outras nem tanto. 

Quando eu tinha 12 anos, o mundo inteiro se tomou de amores por uma garotinha lindinha que só, com olhões azuis e bochechas rosadas, chamada Nikka Costa. Seu pai, Don Costa, era produtor/arranjador de Frank Sinatra, e vai daí que uma coisa puxa outra e a menina se tornou onipresente em rádios e TVs do mundo por uns dois anos. Tive uma profe de inglês que usava as músicas de Nikka Costa como pretexto para tradução e cantorias fora do tom nas aulas. Ainda lembro, do começo ao fim, de I Believe in Love e On my On.

Outro tipo onipresente nessa época era o meloso Julio Iglesias, que assombrava minha geração por conta de tias, tios, profes, avós, avôs e o escambau familiar que cur-tia o ex-goleiro do Real Madrid convertido em chanteur de charme (afff!). Eu tinha (e tenho) uma aversão ao sujeito que vem nem sei de onde. Sei lá, sensação de que alguém soltou uma lesma nas suas costas, dentro da sua camiseta... Sentiram, né?

Pois dia desses, angariando preciosidades para minha coleção-lixão, topei com “Rúlio” (como dizia o Chacrinha) apresentando um número na TV francesa. A convidada, supresa!, era Nikka Costa, então com 9 aninhos. A cena é péssima: do colo do apresentador (eram outros tempos), a menina passa para uma cadeira de palha/vime infame, que deve ter saído do filme Emmanuelle. Ela então dubla a própria música, numa situação tão constrangedora que dá pena! Pobre Nikka!

E, mais uma vez, é como eu digo: impossível ter passado ilesa por uma infância com esse tipo de referências ...

sábado, 10 de outubro de 2015

Aberta a temporada anual da bobagem “ufológica”


E aí que um agroglifo apareceu no sul-maravilha, como acontece a cada par de anos ou menos. Quer dizer que em Prudentópolis, no Paraná, encontraram um daqueles padrões geométricos no meio de uma plantação de trigo. São grandes círculos obtidos por plantas amassadas, intercalados por superfícies em que as plantas são preservadas. Os efeitos são muito bacanas, e seus realizadores são verdadeiros artistas. 

Seus instrumentos de trabalho não incluem naves espaciais, torpedos fotônicos nem fuselagem camuflada. São feitos com simples pranchas de madeira e cordas, a partir de geometria e cálculos – eu jamais poderia fazer um, ia parecer coisa de alien fora do prumo, bem cagado mesmo.

Só que explicação muito da simples não serve. Melhor é realimentar bobagem com data de validade vencida, expirada há tempos. Até aí, tudo bem, cada um alimenta o que pode, né? Só que a coisa fica vergonhosa quando quem dissemina a ignorância são grandes grupos de comunicação:

Gazeta do Povo

Como vergonha alheia pouca é bobagem, acrescentam que a etelândia é toda trabalhada na nossa divisão político-administrativa!
Tá?

A gente sabe que informação de qualidade não é prioridade da imprensa nacional. Mas precisam queimar o carão com frases do tipo “especialistas da revista UFO afirmam que não há vestígios de ação humana”, sem nada concluir em seguida, servindo de vitrine para “ufólogos” caras-de-pau afirmarem que trigo amassado é obra de ET? Francamente!

Em tempo: para quem ainda prefere pensar que se trata de algo que o conhecimento racional ou a ciência ainda não alcançaram – uma-coisa-do-tipo-assim-meio-que-energia-mágica-eram-os-deuses-internautas – aí vai um “como fazer o seu próprio agrogriflo”. Não é necessária supervisão de adulto, apenas inteligência e certo humor – aqui.

E aqui, quadro do programa QI, apresentado por Stephen Fry , com essa moçada que se dedica aos crop circles (como são chamados esses desenhos na Inglaterra). Eles fizeram um especialmente para o programa, desenhando seu símbolo no meio de uma plantação (e teve gente duvidando, que entrou em contato com a BBC pra saber se realmente houve alguma ação humana!).



Então, assim: entendemos que é preciso vender, que a polêmica vende jornal e rende cliques, mas pôxa vida... Umas reflexões pelo meio, por menores que sejam, se fazem necessárias, né?





quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Augusto Nardes e o caso RBS: só lembrando...

Deu no Zero Hora/RBS:

Revoltadão-on-line-que-parabeniza já se assanhou e correu pra janela berrando “Nardes Presidente do Brasil!!!”. A imprensa narra, fotografa, sobretudo requenta o blablablá vazio, insinua. Nada de novo no front, seleciona-se o escândalo que convém, determina-se o que deve  provocar indignação.

Um dia antes, a Carta Capital voltava a um tema conhecido, desde março, na política canalhice nacional:

Só lembrando, né? 

Mas aí, quedêlhe imprensa se rasgando e batendo no peito em nome da ética? Quedêlhe revoltadão-on-line pedindo cabeças? É este o tipo que já tem claque aplaudindo-o como paladino da lisura? 

E não, não estou defendendo Dilma Rousseff, o PT e nem o homem do saco. Também não estou na trincheira dos que têm justificado canalhas, afinal, “são os nossos canalhas”. A bosta tá geral e não é só aqui – aproveitando, não, não sou do tipo patriota, não canto hino, detesto símbolos nacionais e nacionalismos de qualquer ordem; o que não significa que eu aplauda o Donald Trump...

Queria mesmo era que o SAC do contexto me explicasse: como lidar? 

Mas tá difícil. Pois não bastasse o lixão palaciano que nos atiram diariamente, ainda é preciso desviar da rasteirice intelectual, que produz conexões *maravilhosas* – do tipo invalidar minha opinião por julgá-la tendenciosa, afinal, sou mulher, tenho cabelo curto e a presidenta da República também. Minha amiga Lara deveria ficar de fora igualmente, afinal, seu nome começa com L, exatamente como Lula...

Pensando bem... a imprensona tem sim cumprido seu papel com louvor, tendo em vista seu espaço de manobra e este horizonte de debate.






  



segunda-feira, 7 de setembro de 2015

SAC da Independência

Senhores, o poder executivo executor nacional é um cosplay do inferno.


Senhora, este modelo já saiu de circulação há mais de 40 anos. 
A senhora poderia estar dando um F5 pra atualizar, pelamorde, por gentileza?


Senhora: a senhora poderia estar indo para a Rússia, que é garantia 
de militarismo e “governo-forte”, com todas as vantagens de um clima tipicamente europeu.


No momento, todos os nossos atendentes estão ocupados. 
Aguarde na linha ou envie sua sugestão pelo nosso site.

Missão da empresa: demonstrar que nada grita tanto independência 
quanto um batalhão fardado-camuflado.


Senhor, temos em estoque os exemplos aeroporto em terras de parente, 
helicóptero com cocaína e agressão à mulher; mas estaremos recebendo 
novos modelos em 5... 4... 3... 2...

Sim, senhor, é o mesmo produto de 1976; não esteve havendo modificação da fórmula: 
Mas quero que você se dane
Se é preciso que eu te engane
Só pra poder ser feliz
Eu te engano
O senhor pode estar conferindo aqui.

Nossos técnicos já estão no local para verificar o ocorrido.
Podemos estar ajudando em outra coisa?

✔ “A gente esteve desenvolvendo todo um conceito de youthfulness, gritabilidade e fashionismo numa ideia de se estar fazendo política. Tem uma pegabilidade vintage, mas 100% focada nas ruas e nas demandas do mercado, eliminando o que não agrega mais atualmente e garantindo uma identidade visual clichê, com uma vaziabilidade de sentido.”


Bom, pelo menos não tem ninguém pedindo a volta de Tarcisão se rasgando no Riacho Ipiranga, né?



quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Praias modernas

E tá lá a foto do garotinho que o mar devolveu ao mundo. E as comoções, ações, acusações. Precisamos de culpado imediato; sua incriminação, ela mesma, fará as coisas retornarem ao normal. Né? 

Não. Porque o normal é isso. Às vezes, visível, nos lembrando onde vivemos.

Não quero tirar o direito à indignação de ninguém, tá? Nem dar início às Olimpíadas da Abjeção, buscando medalhar os que se revoltam antes, mais justamente e por melhores motivos que outros. 

Fico só conjecturando sobre o que consegue provocar as tripas e o que acaba passando como natural, sem que nos preocupemos. 


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

E deus disse: “Benditos sejam os gêneros”. E assim foram

Vi esta hoje:


Em outros tempos, nem em minha imaginação existiria um pontífice a apoiar a discussão sobre modelos de família reais x idealizações tradicionais, questões de gênero, diversidade e por aí vai. Achei que não viveria pra ver essas coisas acontecerem. Mas boas surpresas sempre acontecem. Né?

Falando no diabo assunto, excelente o artigo Não quero falar sobre gênero, de Vladimir Safatle, na Folha de hoje |aqui|. Vale a pena.

E quanto ao que fazem muitas das ovelhas da Santa Madre, já é outra história, afinal não falta quem ache que o Papa é comunista-gay-ambientalista. Quiçá ateu...