sábado, 10 de outubro de 2015

Aberta a temporada anual da bobagem “ufológica”


E aí que um agroglifo apareceu no sul-maravilha, como acontece a cada par de anos ou menos. Quer dizer que em Prudentópolis, no Paraná, encontraram um daqueles padrões geométricos no meio de uma plantação de trigo. São grandes círculos obtidos por plantas amassadas, intercalados por superfícies em que as plantas são preservadas. Os efeitos são muito bacanas, e seus realizadores são verdadeiros artistas. 

Seus instrumentos de trabalho não incluem naves espaciais, torpedos fotônicos nem fuselagem camuflada. São feitos com simples pranchas de madeira e cordas, a partir de geometria e cálculos – eu jamais poderia fazer um, ia parecer coisa de alien fora do prumo, bem cagado mesmo.

Só que explicação muito da simples não serve. Melhor é realimentar bobagem com data de validade vencida, expirada há tempos. Até aí, tudo bem, cada um alimenta o que pode, né? Só que a coisa fica vergonhosa quando quem dissemina a ignorância são grandes grupos de comunicação:

Gazeta do Povo

Como vergonha alheia pouca é bobagem, acrescentam que a etelândia é toda trabalhada na nossa divisão político-administrativa!
Tá?

A gente sabe que informação de qualidade não é prioridade da imprensa nacional. Mas precisam queimar o carão com frases do tipo “especialistas da revista UFO afirmam que não há vestígios de ação humana”, sem nada concluir em seguida, servindo de vitrine para “ufólogos” caras-de-pau afirmarem que trigo amassado é obra de ET? Francamente!

Em tempo: para quem ainda prefere pensar que se trata de algo que o conhecimento racional ou a ciência ainda não alcançaram – uma-coisa-do-tipo-assim-meio-que-energia-mágica-eram-os-deuses-internautas – aí vai um “como fazer o seu próprio agrogriflo”. Não é necessária supervisão de adulto, apenas inteligência e certo humor – aqui.

E aqui, quadro do programa QI, apresentado por Stephen Fry , com essa moçada que se dedica aos crop circles (como são chamados esses desenhos na Inglaterra). Eles fizeram um especialmente para o programa, desenhando seu símbolo no meio de uma plantação (e teve gente duvidando, que entrou em contato com a BBC pra saber se realmente houve alguma ação humana!).



Então, assim: entendemos que é preciso vender, que a polêmica vende jornal e rende cliques, mas pôxa vida... Umas reflexões pelo meio, por menores que sejam, se fazem necessárias, né?