segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Constrangendo crianças nos anos 80


Crianças com talento garantindo a sobrevivência dos pais não é coisa de hoje – mesmo que os catastrofistas berrem que isso é coisa do nosso tempo, sem valores cristãos, todo trabalhado em feminazis-e-ditadura-gay (AHAHAHAHAH!). O que esse povo acha que Mozart fazia aos 4 anos eu não sei... Bom, no midiático século 20, de Shirley Temple a Michael Jackson, o fenômeno deitou raízes e produziu coisas fantásticas e outras nem tanto. 

Quando eu tinha 12 anos, o mundo inteiro se tomou de amores por uma garotinha lindinha que só, com olhões azuis e bochechas rosadas, chamada Nikka Costa. Seu pai, Don Costa, era produtor/arranjador de Frank Sinatra, e vai daí que uma coisa puxa outra e a menina se tornou onipresente em rádios e TVs do mundo por uns dois anos. Tive uma profe de inglês que usava as músicas de Nikka Costa como pretexto para tradução e cantorias fora do tom nas aulas. Ainda lembro, do começo ao fim, de I Believe in Love e On my On.

Outro tipo onipresente nessa época era o meloso Julio Iglesias, que assombrava minha geração por conta de tias, tios, profes, avós, avôs e o escambau familiar que cur-tia o ex-goleiro do Real Madrid convertido em chanteur de charme (afff!). Eu tinha (e tenho) uma aversão ao sujeito que vem nem sei de onde. Sei lá, sensação de que alguém soltou uma lesma nas suas costas, dentro da sua camiseta... Sentiram, né?

Pois dia desses, angariando preciosidades para minha coleção-lixão, topei com “Rúlio” (como dizia o Chacrinha) apresentando um número na TV francesa. A convidada, supresa!, era Nikka Costa, então com 9 aninhos. A cena é péssima: do colo do apresentador (eram outros tempos), a menina passa para uma cadeira de palha/vime infame, que deve ter saído do filme Emmanuelle. Ela então dubla a própria música, numa situação tão constrangedora que dá pena! Pobre Nikka!

E, mais uma vez, é como eu digo: impossível ter passado ilesa por uma infância com esse tipo de referências ...