segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Defender a derrubada da presidente da República chama-se defesa de golpe de Estado.

Sugerir a agressão à pessoa da presidente da República chama-se incitação ao crime.

Tecer loas a um regime que torturou, matou, corrompeu a já então frágil prática democrática no país, beneficiou bancos, latifundiários e a especulação de toda a sorte, isso se chama apologia ao crime, organizado e institucionalizado.

Cair de paraquedas sobre movimentos sociais e querer definir como devem se manifestar é oportunismo.

Passar o tempo disseminando mensagens religiosas e lições de moral ao mesmo tempo em que enaltece a violência e o “cale a boca, não discuta comigo e se curve à minha evidência” é hipocrisia.

Dar pitaco sobre história, sociologia, política, filosofia, antropologia – e qualquer reflexão que consiga levantar voo acima do senso comum – sem qualquer informação que não seja resumo de segunda mão, nota requentada de imprensa ou reprodução do “ouvi dizer, então é”, isso faz parte do combo mediocridade/arrogância.

Afinal, história, sociologia, filosofia, antropologia & cia não são um conjunto de anedotas, das quais se seleciona as de preferência. Por incrível que pareça, integram um campo de conhecimento, possuem metodologia, corpus teórico, práticas de pesquisa, reflexões e etc e tal. Assim como entendo serem terríveis as incursões de um pensamento equivocado e sem referências no campo das chamadas ciências exatas, biológicas, formais, puras, aplicadas e nem-sei-bem-até-onde-vai-a-classificação, também considero um desastre quando as parcas e porcas ideias são impostas como desejáveis reflexões e intervenções no mundo.

E ultimatos disfarçados de debates nada mais são que manifestações de covardia, recurso de quem gosta “de ganhar”, seja pelo grito, pela provocação mesquinha ou pela força. De quem não admite não ter razão nem conhecimento sobre tudo.