terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Educação: quando estúpidos posam de especialistas

Me dá sempre aquela vontade de chorar godê quando leio e ouço vivente que nunca ralou numa sala de aula, por um tempo considerável, dar palpites e apontar as soluções para a educação nacional. Há os que exigem qualidade na educação pública, escola para todos, mas é para que pobre saiba seu lugar, fique quieto e não choque os sensíveis com toda sua falta de classe – principalmente agora, que os aeroportos obrigam a um mistifório da moçada, fazendo com que narizes vencedores tenham que dividir o mesmo ar com os rudes.

Existem os iluministas reaças, por mais esquisita que a coisa pareça. Você os detecta em 5 minutos de exposição de ideias: é um povo estudado-lido, como diz Lovelet, mas nada tanto assim. O suficiente para enumerar referências aceitas como “eruditas”, listadas com uma entonação, um rolar de olhos e uma erguida de nariz cafonas pra caramba. Pessoa se vê numa poltrona de couro, lareira acesa, conhaque em movimento centrífugo e tals. Costumam citar a Europa, repetir mediocridades do tipo “o berço da civilização” e “pergunte se na Suíça alguém sai de chinelo na rua”. Esses adoram desfiar lamentos sobre o fracasso da educação atual, que no tempo do “siga o modelo”, pelo menos a gente aprendia a escrever e dizer Villegagnon. Tá?!

E, claro, chamando pra si o frescor do recém-criado, do neo-pós-moderno, do jamais visto, os saltitantes emebiêis e marqueteiros, com suas representações gráficas de ponta (em termos de tecnologia, não de conteúdo, bem entendido), suas expressões num inglês mal-talhado e conceitos “educacionais” como competitivo, agregadorde olho no mercado, formação de campeões, cardápio de escolhas e demais termos que embrulham estômago de quem se formou professora em Instituto de Educação no século passado.

Minha dúvida é: em que buraco negro de um quadrante desconhecido este lixo pode ser considerado Brasil que dá certo?


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(Folha)

Sério: não iam todos pra Miami?