sábado, 21 de fevereiro de 2015

Extravagâncias pré-Gaga

Moçada de queixo caído com clips musicais internéticos esquisitões, performances bizarras e tals. Acreditando que é algo nunca dantes experimentado. Não, isso não é nada exato. Injustiça com os anos 80 até o último fio do mullet todo emplastrado no New Wave glitter gel. Pôxa.

Dá pra encontrar bailarinos com figurinos do além, em coreografias estapafúrdias, entre efeitos especiais explosivos, cenários apocalípticos, vocalistas dependurados e referências muito, muito estranhas, mesmo em clips oitentões já meio esquecidos. Não estou comparando artistas, nem afirmando que antes-era-tudo-sensacional-hoje-só-tem-barulho, nada disso; só lembrando que esse tipo de bizarrice fez escola há tempos (bem antes dos anos 80, inclusive).

E deixemos de lado os medalhões, os consagrados daquela década; fiquemos com guardados de baús menos visitados.

Esqueça Bonnie Tyler magoada, com o coração partido, eclipsado e tals. Em 1986, ela queria saber E se você fosse uma mulher e eu um homem?. A bordo de ombreiras épicas, ela leva umas 20 horas descendendo num andaime com uma moçada meio Ale-Alejandro. Com luta de homens aleatórios na lama e Rambo virado em Marilyn, a dramaticidade não conheceu limites aqui (de verdade, todo mundo se passando no carão, sensacional!). Eu tinha umas coleguinhas no Instituto de Educação que iam pra aula num visu Bonnie Tyler – e com o uniforme da escola, claro, que aquilo não era bagunça.




Mas isso era quase nada, perto do que Kate Bush mostrava em seus vídeos anos antes. Em 1981, a coisa toda parecia ter saído de um desenho de Goya e aplicado num chão de tacos de madeira. Destaque para os minotauros numa vibe Baryshnikov:


Bom, um ano antes, a gente já tinha ganho Babushka.


Mas voltando aos apocalípticos, em 1984, Duran Duran também teve seus dias de bailarinos em andaimes, pré-fabricados, moçoilos amarrados e dando uns pega no Alien (oi?!).




E o que dizer de Boy George e Culture Club em War Song, também de 1984? Orwell estava no ar, mas não custa botar um colorido nas imagens, ajustar uma peruca, uma base-massa-corrida e uns olhos fatais, né?



Por aqui, juntando tudo isso mais Elke Maravilha, quem dominava era Maria Alcina. Desde o fim dos anos 60, ela já era toda Lady Gaga, muito antes da menina Germanotta nascer. Sensacional Maria Alcina, em entrevista (1987) a Ney Galvão, que era estilista e apresentador.




P.S.: sempre gostei da Lady Gaga, acho uma figura ótima! Mas não é um “marco zero” (aliás, pouca coisa é, né?).