segunda-feira, 18 de maio de 2015

Parcerias público-privadas: Palácio Iguaçu & cérebros moloides

Desde a primeira vez em que eu entrei numa sala de aula (nos idos do século XX), o que mais escutava é que no Brasil não há educação; em países de primeiro mundo a escola é sensacional; no meu tempo, ensino público tinha qualidade e blablablá. Frases feitas, prontas a saírem da boca de qualquer criatura que articule duas sílabas, sem maiores reflexões sobre o que significam. Continuo ouvindo-as.

Mas na hora H, quando está em questão o ensino público nacional, quando há pressão de professores por melhores condições de trabalho (que incluem escolas bem equipadas, por exemplo), o que se ouve mesmo é aquele eterno eco reaça-sem-vergonha, que só faz se propagar. E tomar o espaço do debate, corroborando políticas públicas lixo.

Quédizê, a reflexão política sobre o país se resume a bater panela para exigir que a própria situação pessoal melhore. E agora. Caso contrário, é uma ver-go-nha (entonação Bóris Casoy). Quando há quem realmente batalhe para que as coisas se modifiquem, quem não aceita o que é empurrado goela abaixo, aí não! Aí, já é baderna. Caso de polícia. Reclame feito uma gralha, diga muita merda: tudo bem. Mas tomar atitudes verdadeiras e ocupar os lugares de decisões políticas (por direito), não, de jeito nenhum – coisa de black-bloc-ateu-feminista-gay-“esquerdopata”... que mais?

Sobre a “Batalha do Centro Cívico” (em que a polícia militar do Paraná desceu o sarrafo nos professores, por ordem do governador), eu estava na contagem regressiva da depressão, só esperando o vento do senso-comum voltar a soprar. E não deu outra. A não ser que o Palácio Iguaçu esteja remunerando comentários em sites de notícias... Afinal, nessas alturas, teoria da conspiração é a melhor explicação para a rasteirice mental que transborda. Porque imaginar que tem vivente que realmente acredita nisso aí embaixo é de deixar assaz, deveras e no mais profundo desespero, né?


Por outro lado, a explicação de que a educação é dos grandes problemas do país não é falsa. Só por essa meia dúzia de comentários percebe-se os prejuízos que um sistema cognitivo não desenvolvido adequadamente pode acarretar, né? Pois cérebros não exigidos acabam parando por aí...

|LAERTE|