segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Volta pra PQP!

A moça entra no elevador. Na sua sacola se lê ONU Mulheres. O vizinho a “xinga” de comunista, diz que os militares deveriam voltar para matar "esse tipo de gente". O moço sai com a camiseta do desenho animado: estrelinha amarela, fundo avermelhado. Ele é xingado na rua: petralha!. Pessoa de bicicleta na ciclovia. Xingada: "volta pra Cuba, comunista!". Aluno critica autor que nunca leu: “é comunista, não leio”. Professor universitário sentencia que só há racismo porque falamos demais sobre o assunto. O outro não mede palavras para dizer que mulheres precisam saber se vestir – afinal, “nada mais ridículo que uma mulher sem noção”. Criaturas que foram pra rua berrar pelo impeachment, panelar contra a corrupção, as cotas, as bolsas: envolvidas em fraudes até o pescoço – afinal, se a fraude beneficia “minha família”, tá valendo; corruptos & bandidos são os outros.  Alunos preocupados com políticas públicas para a educação, com a infraestrutura das escolas, com os processos ensino-aprendizagem: “vagabundos, manipulados!”.

Aaahhh, são apenas casos isolados.
Isolados? Apenas?
Precisamos de quantos 'apenas' para criar um padrão?
De quantos 'isolados' para formar uma multidão?
Vamos pagar pra ver?
Até o limite do tarde demais?