quinta-feira, 5 de outubro de 2017

“Plumas & Paetês” – porque no meu tempo...

Em 1980 eu tinha 11 anos. João Figueiredo era o general da vez, com toda a bizarria ministerial de Galvêas, Andreazza, Rischbiter, Delfin Netto, Passarinho e demais figuras que não deixaram saudade alguma. A não ser para alguns intelectos comprometidos, que juram ter vivido num paraíso de educação moral e cívica, todo trabalhado na novena, na semana da pátria e no sanduichinho de pão de forma cortado em triângulo...

Como essa homogeneidade verde-amarela não existia, a gente convivia também com nossa versão disco em músicas, roupas e, claro, programação de TV, incluindo as indefectíveis novelas e suas aberturas pré-Hans Donner. Dia desses, acordei com a música de Plumas & Paetês na cabeça. Música tema da novela com mesmo nome, era interpretada por Ronaldo Resedá, bailarino, ator e cantor que provocava furor no fim dos 70/início dos 80. Não tinha tiozão do pavê que não o chamasse de “boneca”, referência de tiozões e tiazonas a homens gays.



Mas, pasme o MBL, Ronaldo Resedá dava as caras semanalmente na TV, por conta de suas músicas coreografadas para o Fantástico e, claro, das aberturas e demais temas de novela que escrevia e interpretava. Foram muitas.

Marron glacê (1979) foi uma delas – novela e música, com vídeo oficial do moço entre mesas de um restaurante cafoooooooooonnnna, todo enfeitado “para festa” (provavelmente, aquelas às quais se ia vestindo “esporte fino”🙈 e com “um brilho nos olhos”). Não importa, ashcriança gostava mesmo era da música, do cantor e da coreografia 😆.

E a tal Plumas & Paetês apareceu um ano depois, contando a história de modelos de uma agência. Havia outras coisas, mas não lembro... Seja como for, a abertura era construída na base do espelho, do paetê, da sombra “gatal” (como dizia Mayumi), calças-pijama e acessórios futuristas. A música? Deixava moralistas arrepiados, pois dizia que “trocar de roupa é como trocar de marido / pois o amor não vale mais que um vestido”. E assombrem-se, modernos bastiões do moralismo, a novela era exibida diariamente. Às 19h.



Ah, sim! Destaque para a menção à tortura (não se usava a palavra por acaso) e à abertura – a abertura política daqueles dias fazia a linha dura explodir bombas em shows, bancas de jornal, instituições associadas à luta pela democracia. 





Não sou nostálgica, mas me pego lembrando dessas coisas ultimamente...