A gente sabe que ‘neutralidade’ é coisa de pH, de sabão e olha lá. Mas vez-em-quando uma objetividade básica já daria bons resultado. Só que o povo erra a mão tão feio que deixa exposta uma adulação marota, certa deferência com toques de respeito, ou seja, a popular pagação de pau. Não acontece só com familiares, vizinhança e colegas reaças, mas vinga com gosto nas melhores famílias proprietárias de meios de comunicação (quem diria, não é mesmo?).
Uma dessas pagações nacionais mais entusiastas é aquela dirigida ao ‘empresariado’ – conceito que abarca muita coisa e funciona praticamente como atestado de caráter. Por aqui, criatura associada ao ramo empresarial merece, automaticamente, loas e inclinações de espinha dorsal (os MEIs terão um episódio próprio, com apresentação de coachs e shows de subcelebridades).
Serião isso? “Aieeem, mas tem que listar todas as características” – dirá quem vê defesa de direitos-humanos-comunistas-feministas-gayzistas quando se apresentam as credenciais de líderes comunitárias, trabalhadores, pessoas negras, políticas de partidos de esquerda ou adolescentes estudantes vítimas da polícia; aí sobra certeza de que foi bala perdida, que é necessário ver os dois lados, que não se enalteça bandidagem, pois periferia é criminosa e por aí vai o chorume nacional.
Mas não bastasse o deslumbre por bairro nobre e empresário dono de laboratório, o desenvolvimento da matéria em questão praticamente entrega um merchandising:
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Melhor que isso, só as informações indispensáveis a respeito de carros de luxo circulando na temporada em Florianópolis ou de enfeites natalinos em mansão de boleiro presunçoso e endinheirado. Pulitzer aqui, por favor!